22/12/2015

Plenitude do Espírito

LEIA: Efésios 5.15-21

Algumas pessoas creem na atualidade dos dons espirituais mas não buscam ou, mesmo, não exercem aqueles que lhes foram comunicados pelo Espírito. Poderíamos enumerar muitas razões para esse esvaziamento espiritual no entanto, talvez a crise do pentecostalismo seja suficiente para compreendermos isso. Abusos e mais abusos praticados nas igrejas pentecostais e neo-pentecostais são atribuídos ao Espírito. Não há como negar, o pentecostalismo caiu no descrédito.

Todavia, mesmo diante dos argumentos cessacionistas, a Bíblia nos encoraja a nos enchermos do Espírito Santo e a buscarmos os seus dons incessantemente. Estes, são comunicados gratuitamente para a edificação do corpo de Cristo. Mas isso não acontece de forma mecânica, devemos desejá-los, buscá-los de maneira fervorosa. O movimento pentecostal moderno comprova isso. Pessoas queriam mais de Deus e o resultado foi um derramar poderoso do Espírito Santo em uma pequena igreja localizada na Rua Azusa, centro de Los Angeles, Estados Unidos no ano de 1906.

Esse movimento, marco do pentecostalismo moderno, pregava o batismo com o Espírito Santo manifestado através dos dom de línguas. A grande contribuição desse movimento liderado por William Seymor, ex-escravo e líder da Missão da Fé Apostólica, no entanto, foi o evangelicalismo. Imediatamente o movimento ultrapassou as fronteiras estadunidenses e chegou a outros países, inclusive ao Brasil no início do século XX com Louis Francescon e de Daniel Berg e Gunnar Vigren, fundadores da Assembleia de Deus.

Dada a influência desse movimento passou-se a ensinar nas igrejas brasileiras que alguém recebia o Espírito Santo a partir do momento que falasse em uma outra língua. Esse seria o Batismo com o Espírito Santo. No entanto, Paulo ensina aos coríntios que nem todos falarão outras línguas (1Coríntios 12.30). Mas terão o Espírito Santo pois, afinal, como ele próprio também ensinou aos coríntios, ninguém pode dizer que "Jesus é Senhor" se não for por intermédio do Espírito (1Coríntios 12.3).

Uma coisa é possuir o Espírito Santo, outra é ser possuído por Ele! E essa é ordem de Paulo para os Efésios: "(...) mas deixem-se encher pelo Espírito" (Efésios 4.18). A plenitude do Espírito, pois, é um processo contínuo em nossas vidas (o verbo está no presente contínuo). Devemos nos abstermos do vinho ou de qualquer outra coisa que nos cause embriaguez. Não é algo mecânico, deve ser buscado. Deve-se, portanto, existir condições para que haja um derramamento do Espírito sobre nós. Poderíamos, ao menos destacar duas condições básicas presentes no texto:


  • COMUNHÃO - (cf. Efésios 2.16,19; 4.1-5): O movimento da Rua Azusa tinha essa característica. Seymour, um ex-escravo, pastoreava uma igreja de maioria negra mas que rapidamente passou a receber brancos em seu meio. As mulheres também passaram a desfrutar de maior prestígio no corpo e, assim, a exercer determinadas funções que, outrora, eram atribuída a homens apenas. Os avivamentos alcançam nações mas iniciam-se em pequenas igrejas, em pequenos grupos nos quais todos devem desejar a Plenitude do Espírito. Entretanto, se considerarmos o contexto atual da igreja brasileira isso parece uma utopia. A cada dia cresce o número de desigrejados. Interesses individuais suplantam os interesses coletivos. Precisamos romper essa cadeia se queremos mais de Deus;

  • SANTIDADE - (cf. Efésios 4.17 ss): Santificação implica separação! "Os dias são maus", diz Paulo (Efésios 5.16). Alguém tem qualquer dúvida sobre isso? Absolutamente! Temos observado uma crescente hostilidade aos valores cristãos. O próprio Paulo escreveu aos romanos: "Não se amoldem ao padrão desse mundo, mas transformem-se pela renovação da sua mente para que sejam capazes de experimentar e comprovar a boa, agradável e perfeita vontade de Deus" (Romanos 12.2). Para tanto, devemos aproveitar ao máximo cada oportunidade (Efésios 5.16) de buscarmos a Deus através da leitura da Palavra, da oração. As pessoas na Rua Azusa oravam cerca de 5 horas por dia para receber a Plenitude do Espírito. O que dizer então dos Morávios cuja vigília de oração durou cem anos!

Portanto, se queremos servir a Deus verdadeiramente, se queremos ser útil no corpo de Cristo precisamos do Espírito Santo e de seus dons. Para receber sua Plenitude, é imprescindível comunhão e santificação. Condições sine qua non e evidências claras daqueles que desejam ser cheios do Espírito Santo.

02/12/2015

Fechado para balanço: Reflexões sobre o tempo (Parte 1)

LEIA: Salmo 90

Estamos nos aproximando do final de 2015 e, portanto, do momento em que nos fechamos para fazer um balanço do nosso ano. Reconhecer aquilo que erramos e acertamos, aquilo que fizemos e deixamos de fazer. Em suma, o que fizemos durante os quase 365 dias que tivemos em 2015. Como aproveitamos esse tempo. De outro modo, soubemos aproveitá-lo? Vivemos nossa vida como se não houvesse amanhã? Ou então, deixamos tudo para amanhã? Para nos ajudar a responder essas e outras questões, vamos meditar o Salmo 90. Urge, pois, encontrarmos respostas. Afinal, 2016 está às portas e precisamos planejá-lo.

A autoria do salmo 90 é atribuída à Moisés que deve tê-lo composto durante a peregrinação no deserto. Ele viu muitas montanhas pelo caminho e o fato de descrevê-las sistematicamente no texto o credencia como autor. No entanto, é provável que tenha havido revisões do texto até que se chegasse à sua versão final. Nesse salmo, há um nítido contraste entre a eternidade de Deus e a brevidade do homem. O tempo é, assim, analisado tanto em função de Deus quanto do homem. Por ora, vamos nos ater à reflexão do tempo sob a perspectiva humana considerando, inicialmente, algumas verdades incontestes à luz do texto:

1. A vida é breve (v.5,6); 
2. A vida é frágil (v.3); 
3. A vida é ilusória (v.7,8,9);
4. A vida é fadiga (v.10).

Mas o que faz a vida humana ser desse jeito? Por qual razão o salmista a vê de forma tão pessimista? Por causa das nossas iniquidades que, expostas à presença de um Deus Santo, são punidas. Em outras palavras, o pecado (desde o Éden) é o responsável pela nossa vida breve, frágil, ilusória e fatigada. Por isso, podemos estar chegando ao final do ano dessa forma: cansados, desanimados, frustados. Planejamos muito e executamos pouco. Não nos atentamos para as nossas limitações. Talvez assumimos muitos compromissos, mais daquilo que poderíamos honrar. Talvez não estabelecemos claramente nossas prioridades ou, então, colocamos como prioridade o que não era. Talvez ainda, superestimando nossa capacidade acabamos por exaurir nossas forças. Todas essas possibilidades, no entanto, nos mostra uma verdade inconsteste: não sabemos (e não soubemos) aproveitar satisfatoriamente nosso tempo.

Os dias são maus por isso precisamos remir o tempo (Efésios 5.16). Em outras palavras, saber administrá-lo. É exatamente isso que Moisés pede a Deus no v.12: "Ensina-nos a contar nossos dias, para que alcancemos coração sábio." Precisamos assim, dar-nos conta da brevidade da vida para que possamos saber vivê-la. Precisamos reconhecer nossas limitações para superá-las. No entanto, esse exercício não pode ser feito a partir de esforços humanos apenas. Precisamos, dessa vez, olharmos o tempo sob a ótica divina. Somente assim, poderemos planejar eficazmente o que virá.