25/10/2015

A oração para tempos de vale

LEIA: Marcos 9.14-29

Ao lado de Pedro, Tiago e João, Jesus desce o monte da transfiguração rumo a um vale. Os discípulos que haviam contemplado a majestade de Deus deparam-se, dessa vez, com o sofrimento reinante no vale. Ao se aproximarem, encontraram uma multidão em polvorosa. Estavam ali, os demais discípulos, fariseus, escribas e, um homem que, ao ouvir Jesus perguntar aos escribas o motivo daquele alvoroço, salta a frente e toma a palavra. Ele era pai de um jovem endemoniado, filho único (Lucas 9.38), cujo espírito que o havia possuído os discípulos não puderam expulsar. Os fariseus queriam saber porque eles não conseguiram. Eis aí a razão do alvoroço.

Ajoelhado (Mateus 17.14), o pai começa a descrever a Jesus a situação do filho, o sofrimento causado a ele pelo espírito maligno (vv. 17 e 18). Ao tomar conhecimento, Jesus repreende a incredulidade daquele povo e pede que tragam o rapaz (v.19). O espírito agita-se ao vê-lo. Antes de expulsar esse espírito, Jesus faz algumas perguntas àquele pai. Inicialmente, Ele pergunta desde quando isso acontece. O pai, por sua vez, responde: desde a infância (v.21). Esse homem descreve mais alguns detalhes acerca do sofrimento do filho (e, principalmente dele) e, por fim, pede que Jesus o ajude, caso tenha poder para isso (v.22). Este, o responde dizendo que "tudo é possível ao que crê" (v.23). Ao ouvir tal resposta, o pai faz uma oração deveras curiosa: "Eu creio! Ajuda-me na minha falta de fé" (v.24). Ao perceber a multidão se agitando ainda mais, Jesus imediatamente, responde a oração daquele pai. O espírito imundo é expulso e o jovem, finalmente, liberto e entregue ao pai.

Mas porque essas palavras aparentemente contraditórias revelaram-se extremamente eficaz naquele momento e lugar? De outro modo, porque a oração feita por aquele homem foi respondida tão prontamente por Jesus? Sugerimos, a seguir, algumas respostas.

A oração daquele pai foi uma oração sincera. Ao dizer que sua fé estava por um fio de modo a ter uma certa dúvida quanto ao poder de Jesus, aquele pai não estava blasfemando. Ao contrário, estava sendo sincero. O sofrimento de longos anos fez com que a sua fé esmorecesse. Ele não escondeu esse fato de Jesus mesmo que, a princípio, não lhe beneficiasse. Mas o que Jesus queria ouvir daquele pai era a verdade.

A oração daquele pai foi também uma oração objetiva. É interesse observar esse aspecto haja vista que os fariseus estavam presentes, justo eles os quais o próprio Jesus acusou de fazerem longas orações e para si mesmos (Lucas 18.9-14). Jesus não queria ouvir daquele pai vãs repetições (Mateus 6.6).

A oração daquele pai foi ainda uma oração fervorosa. Ele clamou a Jesus com lágrimas nos olhos (v.24). Alguém que ora dessa maneira revela a humildade que há em seu coração. As palavras, portanto, apenas resumem esse sentimento. Jesus queria ouvir o clamor daquele pai em favor de seu filho.

Finalmente, a oração daquele pai tinha o alvo certo. C.H. Spurgeon dizia que o "Alvo da oração é o ouvido de Deus". Mas é oportuno destacar que, inicialmente, aquele pai pediu auxílio aos discípulos (Lucas 9.40). Como sabemos, aqueles homens não puderam atendê-lo. Somente Jesus podia. Portanto, ele só encontrou resposta para o seu sofrimento quando clamou a Jesus. Ele, portanto, era o alvo daquela oração.

Se quisermos ouvir (e ver) nossas orações respondidas devemos, pois, fazer com que elas sejam sinceras, objetivas, fervorosas e, dirigidas, a Deus. Para quem está passando pelo vale, como aquele homem, essa é a oração que deve ser feita.

21/10/2015

Aprendendo com as aflições de Jó: a grandeza de Deus diante das aflições

LEIA: Jó 38, 39, 40 e 41

Ao ouvir as palavras de sua esposa e de seus amigos nada aconteceu à Jó. No entanto, quando ele ouviu as palavras de Deus, sua postura mudou radicalmente. O homem que se manteve irrepreensível diante de tamanha aflição buscou sempre provar sua integridade face às duras palavras que lhe atingiram. Entretanto, o que lhe doeu mais não foram essas palavras mas certamente o silêncio de Deus. Por isso, ele desejava ansiosamente uma audiência com o Todo-Poderoso. Afinal, Jó queria saber do próprio Deus as devidas explicações para o seu sofrimento. Isso, no entanto, ocorre apenas quando Jó tem uma visão acerca de Deus (Jó 38.1). Seria esse momento tão esperado aquele que elucidaria toda a situação de Jó? Deus responderia detalhadamente todas as inquietações de seu coração? Infelizmente não! Deus dirige-se a Jó através de perguntas que à primeira vista não lhe interessavam. No entanto, foram essas mesmas perguntas que o fizeram a ver as coisas sob outra perspectiva.

As perguntas de Deus à Jó podem ser agrupadas através das seguintes categorias:
  • Onde? A primeira pergunta, aliás, inicia-se dessa forma: "Onde estavas tu?" (Jó 38.4). Através dessas perguntas Deus queria inserir a vida de Jó na história do próprio Universo. Deus queria ensiná-lo que ele fazia parte de um contexto muito mais amplo que as suas aflições. Nós fazemos parte do Universo. No entanto, somos tão pequenos diante dele, não vivemos sozinhos nele e tampouco somos o centro dele. O propósito de Deus é, portanto, revelar a magnitude do Universo criado por Ele e, ao mesmo, a insignificância do homem nele.
  • Quem? Perguntas iniciadas assim visam desafiar a Jó a pensar nos mistérios da criação e na divina providência. Deus não criou todas as coisas e as relegou à própria sorte. Ao contrário, Ele mesmo é o sustentador delas. Deus queria mostrar a Jó o seu cuidado com a criação e o seu o controle sobre ela. Portanto, as aflições de Jó não passavam despercebidas aos olhos de Deus. Ao contrário, Ele estava atento a elas. O Deus que controla todas as coisas não está alheio às nossas causas. 
  • Acaso ou Porventura? Perguntas iniciadas através dessas expressões visam revelar a incapacidade de Jó diante de situações elementares da vida. O que Deus quer mostrar é que o Universo segue o seu curso normalmente sem o homem. Não temos condições, nem controle sobre o seu funcionamento. Não sabemos o que acontece durante a noite, por exemplo, apesar de a vermos chegar com o pôr do sol. Deus não espera que Jó responda a tais perguntas mas que ele (assim como nós) reconheça a sua incapacidade diante de todas as coisas.
Diante do exposto, não restava a Jó outra coisa senão o silêncio mas, dessa vez, de sua parte.  Ouvir a respeito da grandeza de Deus o fez compreender que o sofrimento que lhe afligira não era maior que o Deus que ele servia. Ele chega, assim, a quatro conclusões importantes:

1) Jó confessa a onipotência e a soberania de Deus (Jó 42.2);
2) Jó confessa a sua limitação diante dos planos de Deus (Jó 42.3);
3) Jó confessa o benefício supremo de suas aflições (Jó 42.4);
4) Jó confessa o arrependimento de suas palavras (Jó 42.5-6).

É oportuno destacar que Jó faz tais confissões antes mesmo que Deus restaure sua prosperidade. A atitude de Jó nos ensina que nossas aflições não chegarão ao fim quando estivermos olhando para elas mas para a grandeza de Deus diante delas. 

14/10/2015

Aprendendo com as aflições de Jó: as certezas diante das aflições

LEIA: Jó 19.25-27

O capítulo 19 do livro de Jó é bastante conhecido porque contém a famosa declaração que ele faz acerca do seu Redentor (v.25). Os vv. 25 e 27, nos quais está contida tal declaração, apresenta as certezas de Jó as quais, por sua vez, o sustentaram em meio as suas aflições. No entanto, dois aspectos são importantes para compreendermos o valor das palavras ditas por Jó. O primeiro deles diz respeito às descrições de suas aflições no contexto do capítulo: Jó é oprimido através de palavras (vv. 2 ss) e também pelo próprio Deus (vv. 5 ss), é abandonado pelos próprios parentes (v.14) e pelos próprios servos (v.15), e, ainda, é desprezado por crianças (v.18). O quadro descrito, portanto, é lastimável mas é, diante desse quadro, que Jó apresenta suas certezas. Demonstrar confiança, nesses termos, possui um valor inestimável para Deus (Hebreus 11.6).

Mas de onde Jó extraiu essas certezas? Quais suas fontes? Em que momento de sua vida ele fez isso? Eis aí o segundo aspecto para compreendermos suas palavras. Como sabemos, Jó era um homem temente a Deus e também possuidor de um grande conhecimento a respeito d'Ele (cf. Jó 4.4-6). Tudo isso, certamente, foi adquirido em tempos de calmaria. Ele acumulou ao longo desse período certezas em seu coração que, no momento mais difícil da sua vida, o sustentaram. Portanto, é necessário nos questionarmos acerca daquilo que temos acumulado em nosso coração em dias de paz. Temos lido a Bíblia, buscado a Deus em oração? São práticas como essas que produzirão certezas em nossos corações quando as aflições chegarem em nossas vidas.

Mas quais são as certezas de Jó? Quais podemos destacar? De acordo com o texto, são essas:

1) Jó sabe que o seu redentor vive (v.25): É importante destacar que para Jó o seu redentor não é Deus. Em Jó 16.19, Jó refere-se a ele como sendo sua testemunha ou seu advogado que, portanto, advoga sua causa. Em Jó 9.33, o redentor aparece como árbitro, ou seja, aquele que julga entre ele e Deus. Portanto, o redentor sempre aponta para um mediador entre o homem e Deus, portanto, para Jesus Cristo (1Timotéo 2.5). Jó está certo de seu redentor vive. Essa é, sem dúvida, a marca distintiva do cristão. O nosso redentor está vivo! A morte não o segurou, o túmulo está vazio! Nada mais confortante estarmos certos disso quando estivermos em duras aflições.

2. Jó sabe que o seu redentor se levantará sobre a terra (v.25): Nesse contexto, terra quer dizer pó. Precisamos compreender isso para entendermos as palavras de Jó. Desde que os tumores malignos surgiram em seu corpo ele sabia que a morte o esperava, aliás, ele próprio a desejava. Por isso, em vários momentos, Jó a menciona como, por exemplo, em Jó 7.21. É interessante notar que, junto com ele, descerá ao pó, a esperança. Portanto, ambos serão mortos. Assim, dizer que o seu redentor se levantará da terra (ou do pó) implica dizer que ele próprio e a sua esperança ressurgirão. Nunca é demais lembrar que a esperança do cristão é Jesus Cristo. Nada mais confortante estarmos certos disso em momentos de incertezas e dúvidas.

3. Jó sabe que verá a Deus (vv. 26 e 27): Essa, sem dúvida, é a principal das certezas de Jó. Depois que o seu redentor se levantar sobre a terra, ele receberá uma nova pele e, na própria carne, verá a Deus. Jó não está falando aqui de uma visão e sim de um encontro físico. Tamanha preocupação de Jó com a pele não é casual pois a degradação dela é a maior prova de sua aflição (Jó 7.5). Portanto, a restauração de seu corpo como um todo representa para Jó o fim de todos os males. As palavras dele representam a nossa bendita esperança (Tito 2.13): o encontro com nosso redentor e nossa glorificação. Um dia toda a nossa lágrima será enxugada (Isaías 65.19; Apocalipse 21.4). Nesse dia então, nossas aflições, as mais terríveis, não terão efeito algum sobre nós. Nada mais confortante estarmos certos quando ainda hoje as lágrimas escorrem pelos nossos rostos cansados e tristes.

Que as certezas de Jó diante das aflições sejam as nossas também em nossas aflições. Saber que o nosso redentor vive, que ele se levantará sobre a terra que, por fim, veremos a Deus certamente nos servirão de alento nos momentos mais difíceis os quais estamos enfrentando ou os quais enfrentaremos um dia.

11/10/2015

Deus quer nos fazer repousar...n'Ele!

LEIA: Salmo 23

Diante de uma vida tão atribulada e corrida acabamos nos esquecendo o valor do repouso, se é que o conhecemos! Para honrar nossos compromissos somente vinte e quatro horas não bastam. Necessitaríamos, por exemplo, de um dia de quarenta e oito horas. O problema é que, se tivéssemos mais tempo, incluiríamos mais compromissos em nossa agenda. Parece que nunca estamos satisfeitos! Mas será que é isso mesmo que Deus espera de nós? Deixemos que o Salmo 23 nos ajude a encontrar respostas para as nossas angústias!

Esse salmo, o texto mais conhecido do mundo, descreve a confissão pessoal ("meu" pastor) de uma ovelha. Contextualmente, é uma continuação do Salmo 22. Este, um salmo messiânico (que aponta para Cristo, portanto), descreve alguém em grande aflição. As respostas para tais aflições são encontradas no capítulo seguinte. Por isso, o v.1 é conclusivo: "O Senhor é o meu pastor; nada me faltará." O que se segue, portanto, o justifica.

Diz o v.2: "Ele me faz repousar em pastos verdejantes. Leva-me para junto das águas de descanso." O verbo "faz" indica uma intensidade na ação de modo que, "fazer" não é o mesmo que "deixar". Mas, poderíamos pensar que, em se tratando de ovelha, um animal dócil, qual a necessidade em fazê-la descansar? Não bastaria que a colocassem no pasto e ela descansaria naturalmente? A resposta é não, pois a ovelha não é tão dócil quanto pensamos assim como o seu dia a dia, um verdadeiro atropelo (Ezequiel 34). Você  nunca parou para pensar que  ovelha perdida a qual Cristo foi buscar não é aquela que se apostatou mas que, provavelmente, foi ferida e empurrada para fora do rebanho pelo chifre de uma outra ovelha mais forte (Mateus 18.10-14; Lucas 15.3-7)? Pois bem, isso explica o fato de muitos hoje estarem longe do aprisco, foram maltratadas.

Mas, nesses termos, como descansar então? 

A resposta primeiramente está no v.1: "O Senhor é o meu pastor; nada me faltará". Em outras palavras, "O Senhor é o meu pastor e eu estou satisfeito". Isso indica que precisamos encontrar plena satisfação em Deus. Encontrar plena satisfação em Deus, por sua vez, nos faz entender o que queremos para a nossa vida. Muitos de nós nunca estamos satisfeitos não porque somos incapazes de conseguir o que queremos mas, porque não sabemos exatamente o que queremos! Sempre há um vazio em nossa alma! Mas esse vazio, como alguém já disse, é do tamanho de Deus. Por isso, só Ele para preenchê-lo. Devemos, pois, confiar na provisão de Deus. Afinal, nada nos faltará!

Devemos também confiar na justiça de Deus. O v.5 nos ajuda a compreender melhor essa questão. Se não vejamos: é retratado um banquete no qual o convidado assenta-se em uma mesa na presença de seus adversários, tem a sua cabeça ungida com óleo e o seu cálice transbordante. Mas afinal, o que esse cenário nos ensina? Ora, a lição principal é que a nossa justiça virá da parte do Senhor e não da nossa! O cálice transbordante é um símbolo da ira de Deus sobre aqueles que nos afligem.

A parte b do v.3 nos ensina que devemos confiar na direção de Deus. O Sumo Pastor sabe conduzir o seu rebanho. E, nós mesmo sabendo que vamos passar pelo vale da sombra da morte (v.4), jamais poderemos desconfiar da condução daquele que nos guia. Bondade e misericórdia, nesse percurso, certamente nos seguirão todos os dias (v.6) até que, finalmente, sejamos conduzidos aos portais da glória!

O salmista conhece o que o satisfaz! E quanto a nós?

Portanto, o Senhor nos deve satisfazer plenamente. Devemos confiar em Sua provisão, em Sua justiça e em Sua direção. E, nunca nos esquecermos: "Quem não sabe o que quer, nunca vai saber o que o satisfaz." Desejemos Deus e encontraremos n'Ele repouso pois, Ele próprio quer nos fazer repousar!

08/10/2015

Cuide do seu coração!

LEIA: Salmo 73.21-28

Em várias ocasiões, a Bíblia nos ensina a cuidar do nosso coração (Provérbios 4.23) justamente por ser o coração um órgão vital do ser humano. Um coração bem cuidado garante uma ótima saúde física mas também espiritual. Tendo em vista que o coração do homem é enganoso (Jeremias 17.9), faz-se necessário examinarmos minunciosamente as suas intenções. Se nos omitirmos dessa tarefa corremos sérios riscos de ter problemas durante a nossa caminhada.

Nesse aspecto, o Salmo 73 é bem peculiar pois nos mostra uma situação, muitas vezes, corriqueira na vida do cristão. Este, por observar demasiadamente a vida do ímpio e compará-la com a sua, conclui inútil sua vida piedosa assim como fez o salmista (v.13). É interesse observarmos para a autoria desse salmo, atribuída à Asafe, também autor de inúmeros outros salmos (12 no total). Não era uma pessoa qualquer, por assim dizer, tratava-se de um profeta de Deus (2Crônicas 29.30; 2Crônicas 35.15). Esse fato, portanto, não deve ser desconsiderado.

É oportuno dizer que, por tratar-se de um salmo didático, o autor começa o texto com uma conclusão, "Com efeito" (v.1). Em seguida, faz menção da sua "quase" queda (v.2) para, posteriormente, descrever aquilo que observou dos ímpios. A prosperidade que ele via causou-lhe inveja (v.3). Talvez se perguntava no coração: "Porque ser fiel a Deus, se o ímpio que até debocha das coisas de Deus desfruta de uma condição de vida  melhor?" Essas e outras perguntas devem ter permeado sua mente. Por providência divina, ele não compartilhou com ninguém nenhuma delas (v.15). Imagine o mal que teria causado na vida espiritual de alguém que tivesse ouvido tais pensamentos?

A amargura de um coração embrutecido e ignorante (vv. 20 e 21) explica todos esses pensamentos maus. A situação, no entanto, começa a mudar quando o salmista diz adentrar ao santuário de Deus (v.17). Isso nos ensina que há experiências que vamos vivenciar apenas na Igreja. Um hino entoado, uma palavra ministrada pode nos fazer enxergar a realidade sob outros ângulos. O problema, muitas vezes, não está na realidade que o nosso coração apreende mas, sim em nosso próprio coração. A partir desse momento, o salmista começa a ver que os ímpios não são tão prósperos assim. O adentrar ao santuário talvez o tenha feito compreender o valor que há no testemunho dos nossos irmãos. Esse sim, deve ser observado e seguido, não o dos ímpios.

Quando o seu coração começou a ser tratado adequadamente, o salmista passou a compreender lições valiosas. Ele compreendeu que Deus é:
  1. Sua companhia e o seu sustento (v.23);
  2. Seu conselheiro e aquele que o receberá na glória (v.24);
  3. Seu maior patrimônio (v.25);
  4. Sua maior fonte de alegria (v.25);
  5. Sua fortaleza e a fortaleza do seu coração (v.26);
E, reconhecendo, tudo isso o salmista estabelece uma meta: "Proclamar todos os feitos de Deus em sua vida" (v.28).

Deus vai pedir que prestemos conta do nosso coração e não do coração dos outros. Por isso, é dele que devemos cuidar. Os mais interessados nisso somos nós mesmos pois afinal; "Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus" (Mateus 5.8).

07/10/2015

Aprendendo com as aflições de Jó: o silêncio diante das aflições

LEIA: Jó 2.11-13

Os dois primeiros capítulos do Livro de Jó descrevem duras perdas sofridas por ele:
  • Perda das riquezas (inclusive dos filhos);
  • Perda da saúde;
  • Perda do apoio da própria esposa.
É interessante que, mesmo diante de tantas perdas, Jó permanece otimista e confiante ( 1.21; Jó 2.10). No entanto, logo no início do capítulo 3, Jó amaldiçoa o dia do seu nascimento. Nesse entretanto, o que teria acontecido com ele?

Observe que o capítulo terceiro inicia com a frase "Depois disto" (Jó 3.1). A pergunta é: a que acontecimento ela se refere? A resposta está em Jó 2.13. Após a chegada de seus três amigos, estes sentaram-se com Jó e todos permaneceram em silêncio durante sete dias e sete noites. Portanto, a explicação para a mudança da postura de Jó está exatamente nesse período de silêncio que ele experimentou.

Vale lembrar que o silêncio é benéfico, todos precisamos de um tempo para nós mesmos. Mas diante das aflições o que o silêncio pode produzir em nossas vidas? Se basearmos na experiência, o silêncio pode produzir sérias consequências.

Durante esse período certamente Jó fez uma retrospectiva de sua vida. Partiu daquele momento até o ao seu dia natalício. Certamente perguntas do tipo: Onde foi que eu errei? Ou então, "O que fiz para merecer isso?" passaram pela cabeça desse homem. Ele queria encontrar explicação para o que estava vivendo. 

Jó reconhecia-se como pecador, basta lembrarmos que ele próprio oferecia holocaustos em favor dos filhos (Jó 1.5). Diante desse silêncio, Jó confessara a Deus os seus pecados talvez imaginando que, perdoado, estaria livre das aflições. Eis aí uma preciosa lição extraída da vida de Jó: podemos colher o mal mesmo tendo plantado o bem. Afinal, os justos também sofrem!

Em silêncio, Jó esperava respostas da parte de Deus para o seu sofrimento (Jó 13.20-23). Mas durante todo esse tempo Deus também permaneceu em silêncio. Aliás, Ele vai se dirigir a Jó apenas no capítulo 38 do livro e não para dar as respostas que Jó esperava mas para revelar a ele a Sua grandeza. O silêncio de Deus pode nos consumir e causar mais dano que a própria perda material. Pode, inclusive, nos fazer blasfemar. Jó não fez isso mas revelou profunda indignação diante da dor.

Portanto, diante das aflições da vida avaliemos as consequências do silêncio. Falemos a Deus nossas necessidades e, se preciso for, falemos a pessoas tementes a Deus. Mas nunca deixemos que o silêncio nos consuma. As consequências podem ser muita duras para nós.

Aprendendo com as aflições de Jó

LEIA: Jó 19.23

Você já parou para pensar que Deus pode estar usando as experiências amargas de sua vida para ensinar lições preciosas a outras pessoas? Jó deveria estar pensando exatamente nisso quando imaginou suas aflições em um livro (Jó 19.23). Se realmente foi isso que ele pensou, ele acertou em cheio. Suas aflições foram escritas e hoje nos servem de grande ensinamento.

Dentre os vários ensinamentos contidos no livro, por ora, destacaremos os seguintes:


Não sabemos a autoria nem a data de composição do livro. Para alguns, trata-se do livro mais antigo da Bíblia, escrito por Moisés ainda no século XVI a.C.. Para outros, a composição data do século XIX, durante o reinado de Salomão. Mas há também os que atribuem uma data mais recente para o livro, a saber, o período pós-exílico, século VI a.C.. O que podemos ter certeza no entanto, é que a composição final do livro data desse período. Os capítulos 1 e 2, por exemplo, fazem menção de Satanás como adversário de Deus. Esse conceito foi adquirido no cativeiro pois, tanto o bem quanto o mal atribuíam ao próprio Deus - aliás, Jó fez isso - e não a um inimigo propriamente dito.

A pergunta a qual o livro tenta responder é: "Por que os justos sofrem?". No entanto, preferimos proceder a leitura de Jó partindo não de um questionamento mas sim de uma afirmação: "Vale a pena servir a Deus". Diante das nossas aflições procuramos respostas. Em muitos momentos, no entanto, a única que temos é a afirmação da qual partimos. E, em quase todos os momentos, convenhamos, é a que nos basta.